quinta-feira, 24 de abril de 2008

Monólogo utópico na mesa de bar (fragmentos)

... passa da uma da manhã. Eles chegaram pouco depois das nove da noite.

- Garçom, vê mais um desse pra mim e mais um daquele pra ela, por favor.

- Olha, é impressionante. Às vezes me torno muito reflexivo. Penso em várias coisas ao mesmo tempo, esses lances existenciais, sabe. É interessante você tentar dimensionar a sua real representatividade no mundo. O motivo que fará valer sua passagem por aqui.

- É banal o fato de nos preocuparmos com coisas que assombram nosso pequeno 'mundinho' particular, frente a tudo o que se passa por aí afora e que realmente tem alguma relevância.

- Questões ambientais, guerra biológica, disparidade social, fome, miséria, pessoas que somem de repente, homens-bomba, torcidas organizadas.

- Lembra dos grandes movimentos sociais que tentaram mudar o mundo e não tiveram muito sucesso? As feministas, os hippies, os punks. Cada um com seu devido misce en scene forjado por um conjunto de valores de fundamentos variados. Mas pecavam por serem desorganizados. Fizeram história, mas foram tragados rapidinho pelas truculência das forças dominantes. E todos os seus filhos remanescentes vivem até hoje de forma obscura, sem conseguirem vôos altos.

-Muitas vezes penso que sou apenas uma pequena molécula e pouco posso fazer. Ao mesmo tempo, dá aquela vontade de se engajar em alguma causa nobre e viver apenas em busca de um significado divino, tipo ajudar qualquer um. Mesmo quem eu nunca vi na frente... seria legal, não é?!

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- Que merda! Minha cerveja esquentou....

domingo, 23 de março de 2008

Veludo

Era a sétima vez que ele a encontrava. A procedência foi a mesma. Um flat escondido no Paraíso, trezentos reais, perfum bem forte e tudo o que ele não tinha em Simone. Não que gostasse de trair a mulher. Era apenas aquele velha desculpa clichê - e não muito inteligente - de fugir de uma rotina de mais de quinze anos. Tentou, como sempre, um beijo:

- Na boca não, amorzinho.

Mesmo após tantos encontros, foi a primeira vez que Roberto viu Ariane com outros olhos. Não chegou a sentir dó. Mas tentou ser mais sociável. Quis saber mais sobre a vida da moça que se despia na sua frente que, um tanto incomodada, não foi receptiva às indagações. Mas deixou escapar que tinha dois filhos, morava em uma casa bacana perto do Butantã, lavava a própria roupa, fazia almoço todo dia e tentava levar uma vida normal.

Roberto, porém, ficou impaciente. As orelhas logo arderam nas chamas de impaciência. Desabotoou a camisa, deu mais um trago no baseado e, antes que pudesse ter outra injeção intravenosa de realidade, agarrou a moça e a possuiu com vontade, de todas as formas e jeitos que conhecia. Procurou, mais uma vez, esquecer de tudo. Do emprego chato, da vida morosa de casado e de que o nome verdadeiro de Ariane, era Simone.

terça-feira, 18 de março de 2008

Cinco anos depois...

- Você curte o Basquiat?
- Curto sim! Ele fazia umas pichações, misturava uns grafites e tal.
- Vê esse link que tem uns lances bacanas dele.
- Pô, bem legal!
- Você continua todo modernão.
- Nem tanto.
- Gosto de arte, curto Kandinski e Picasso. Gostaria de estudar e me inteirar cada vez mais.
- Também acho interessante. Mas prefiro ficar só na apreciação.
- Tem um filme do Basquiat, assistimos juntos. O David Bowie é um dos atores.
- Ah é? Putz, nem lembro mais. Foi contigo mesmo?

quinta-feira, 13 de março de 2008

A tolice é uma chatice bem planejada....