domingo, 23 de março de 2008

Veludo

Era a sétima vez que ele a encontrava. A procedência foi a mesma. Um flat escondido no Paraíso, trezentos reais, perfum bem forte e tudo o que ele não tinha em Simone. Não que gostasse de trair a mulher. Era apenas aquele velha desculpa clichê - e não muito inteligente - de fugir de uma rotina de mais de quinze anos. Tentou, como sempre, um beijo:

- Na boca não, amorzinho.

Mesmo após tantos encontros, foi a primeira vez que Roberto viu Ariane com outros olhos. Não chegou a sentir dó. Mas tentou ser mais sociável. Quis saber mais sobre a vida da moça que se despia na sua frente que, um tanto incomodada, não foi receptiva às indagações. Mas deixou escapar que tinha dois filhos, morava em uma casa bacana perto do Butantã, lavava a própria roupa, fazia almoço todo dia e tentava levar uma vida normal.

Roberto, porém, ficou impaciente. As orelhas logo arderam nas chamas de impaciência. Desabotoou a camisa, deu mais um trago no baseado e, antes que pudesse ter outra injeção intravenosa de realidade, agarrou a moça e a possuiu com vontade, de todas as formas e jeitos que conhecia. Procurou, mais uma vez, esquecer de tudo. Do emprego chato, da vida morosa de casado e de que o nome verdadeiro de Ariane, era Simone.

3 comentários:

Vinícius Castelli disse...

aaahhhh, vida dura, hãn.

Tanto faz o caminho quando não se tem destino, meu amigo.

Vinícius Castelli disse...

Quero ler coisas novas aqui, poxa...

Algo que me faça rir ou pensar

De Marchi ॐ disse...

Uou, delícia de texto!